O ROCK ARGENTINO

O Rock Argentino é uma denominação musical muito ampla, aplicada a qualquer título, de produção argentina, de Rock and Roll, Blues Rock, Jazz Rock, Pop rock, Punk Rock, New Wave, Garage Rock, Ska Punk, Rock Psicodélico, Hard Rock y Heavy Metal, entre outros estilos musicais. 



El Flaco Spinetta e Charly Garcia nos anos 1980
A Argentina foi o primeiro país do âmbito ibero-americano que, depois dos países anglo-saxões, combinou os diversos gêneros derivados do rock and roll com elementos originais, desenvolvendo assim um rock de identidade própria. Também foi o primeiro em utilizar uma língua que não seja inglês para comunicar e descrever temáticas afins a sua idiossincrasia e abundantes referências à geografia local, se transformando no precursor do rock em espanhol, assim como o país que conseguiu inicialmente maior êxito comercial fora de suas fronteiras.


Charlie Garcia gravando "Piano Bar"
O rock na Argentina começou a ser interpretado na segunda metade dos anos 1960. Nesta época se iniciou um gênero musical que foi denominado primeiro de "Beat", mais tarde de "música progressiva" e finalmente de "rock nacional", quando vários grupos underground começaram a compor canções em espanhol sobre assuntos que preocuparam aos jovens desse período histórico. Desde fins dos anos 1950, os grupos locais se dedicavam a cantar, em espanhol e em inglês, canções de rock and roll, originais ou covers de êxitos internacionais, sem ter identidade musical própria. 


Fito Páez e Spinetta
No entanto, a partir da metade da década de 1960, o rock argentino iniciou uma evolução constante que ao longo das décadas de 70 e 80, e especialmente depois da Guerra das Malvinas, cristalizou-se em um movimento de características estéticas bem definidas y reconhecimento internacional.


FAZENDO UM POUCO DE HISTÓRIA


Los Gatos ensaiando em La Cueva
Foi na cena underground de Buenos Aires, a mediados dos anos 1960, onde as peças fundamentais do rock argentino começaram a emergir. Um reduzido grupo de “rockeros” começou a se encontrar em espaços marginais, toucando em lugares como o bar-teatro «La Cueva», e debatendo as filosofias desse estilo que estavam desenvolvendo em bares de bairro que no fechavam a noite toda.


Los Beatniks foi uma das primeiras bandas de rock
em espanhol. Aqui lançando seu primeiro álbum (1966)
Eles eram inspirados no rock de Inglaterra, mas do que do estadunidense, mas estavam buscando uma maneira singular de se expressar, utilizando seu próprio idioma e falando sobre sua própria idiossincrasia. Até esse momento o rock cantado em espanhol era considerado brega, e só era utilizado na tradução de coverts das músicas inglesas de sucesso.


Álbum de Los Gatos com a música La Balsa
Foi desses redutos underground que saiu a primeira música de sucesso, “La Balsa” da banda “Los Gatos”, que retratava justamente a sensação de naufrágio da vida normal sentida pelos músicos, quando eram perseguidos pela policia por usar vestimentas pouco convencionais e cabelo cumprido ou eram encarados pelas pessoas normais com cabelo com brilhantina que se preparavam para entrar nos escritórios, enquanto eles simplesmente se sentavam a compartilhar um único café da manhã entre todos eles nos bares de Buenos Aires, depois de uma noite inteira trabalhando nas músicas e suas filosofias.


Eram momentos de grande repressão, o sistema estava apertando muito e para as mentes livres a vida estava ficando muito difícil. O rock era absolutamente marginal, uma coisa de outro mundo, e os músicos desse estilo eram tratados como “guerrilleros”.

Spinetta em 1976
Durante esse período, e saída desses redutos underground, se formou a primeira banda de Spinetta, Almendra, que logo se separaria no começo dos 1970 com o intuito de disseminar e desenvolver o novo estilo de rock em espanhol de inspiração hippie e progressiva. Dessa maneira, cada integrante montou uma nova banda. Assim nasceu a segunda banda liderada por Spinetta: Pescado Rabioso.

E graças a todo esse esforço, nos começos dos anos 1970 aconteceu a primeira proliferação real do rock nacional argentino. 


Sui Generis: Nito Mestre e Charly Garcia
Nesses anos teve o primeiro grande festival de rock, o B.A Rock, ou Buenos Aires Rock, uma versão argentina de Woodstock, que contou com vários dos artistas e bandas que encabeçavam o movimento do rock em espanhol. O grande destaque do festival foi Sui Generis, com o começo da carreira musical de Charly García. Todos esses grupos bebiam do folclore argentino e de outros sons latino-americanos em busca de inspiração.

Enquanto os anos 1970 avançavam, o rock foi crescendo como um dos estilos mais populares, e por primeira vez na sua história o rock argentino começou a ser divulgado no exterior do pais.


Adiós Sui Géneris (1975)
O movimento alcançaria seu pico de maior popularidade em 1975, justo quando Charly Garcia decidiu terminar Sui Géneris com um concerto que levaria 30.000 pessoas e revolucionaria todo o movimento. Ninguém esperava todo esse sucesso de um movimento “marginal”.


Capa do jornal argentino Clarin
festejando o golpe militar
Mas o 24 de março de 1976 aconteceu o golpe militar, abrindo um dos períodos mais obscuros da historia argentina, com repressão, censura e desaparição de pessoas. O rock argentino, assim como a sociedade como um todo, sofreria o período de maior censura da historia. A música rock era vista como subversiva pelos militares, que declararam aos músicos de rock e seus fãs como potenciais subversivos.

Em finais da década de 1970 o rock argentino sofreu uma das piores crises desde sua concepção e os médios de comunicação, controlados pelo governo militar, falavam abertamente da morte do rock argentino.


Seru Giran nos anos 1980
Mas foi justo nesse período de secura, em 1978, que Charly Garcia fundou a maior banda de rock latino, com a maior popularidade de todos os tempos: Seru Giran. O primeiro álbum foi todo desenvolvido no Brasil, sendo muito influenciado pela música brasileira, combinada com o rock progressivo e o jazz.

No festival de “La Rural”, com um publico de 60.000 pessoas a banda cantarolou junto com o publico frases de protesto contra o governo militar como "No se banca más". Nesse encontro também apareceu a nova banda de Spinetta: Spinetta Jade, uma combinação de jazz e rock. No final dessa década o som do rock foi ficando mais pop e com mais influencia da música eletrônica, utilizando samplers y sintetizadores.


A revista Gente mentindo para encobrir
a derrota do governo militar
Com a economia em resseco e o intuito de ganhar o apoio popular, em 1982 o governo militar iniciou a guerra de recuperação das ilhas Malvinas. Miles de jovens foram mandados para uma guerra perdida, despreparados, em péssimas condições. Depois da derrota era uma questão de tempo a retirada do governo golpista.


Essa guerra se transformaria num dos capítulos mais tristes da história argentina, mas teve o contraditório efeito de revitalizar o rock argentino. Enquanto a guerra acontecia foi proibida a música em inglês, fato que deu abertura ao rock em espanhol nas rádios e médios de comunicação em geral.


Álbum Tiempos Difíciles de Baglietto, com
arranjos e composições de Fito Páez
Assim apareceram ao publico em geral uma variedade de artistas novos com suas músicas fortes e de protesto, como “Tiempos Difíciles” de Fito Páez, cantada por Baglietto, ambos integrantes da nova “Trova Rosarina”, “Maribel se durmió” de Spinetta, dedicada às “Madres de Plaza de Mayo”, “Sólo le pido a Dios” de León Gieco e até “Los Dinosaurios” de Charly García, fazendo referencia aos militares enrustidos.

Argentina entrou em 1983 numa nova etapa de sua historia, com o começo do governo democrático. Finalmente, o rock argentino começou a ser valorizado e isso ajudou a se expandir também no exterior.


Luca Prodam na capa do álbum de SUMO,
Corpiñios en la Madrugada (1983)
Nos anos de 1980 se consolidariam os grandes artistas do rock argentino, Charly Garcia, Spinetta e Fito Páez lançaram suas carreiras de solistas, com uma década muito prolífica. Outros grandes músicos também tiveram sua era de oro, como Celeste Carballo, a primeira cantora e compositora feminina de grande porte ou Fabiana Cantilo, que depois de fazer os baking vocals nas bandas de Charly Garcia, Fito Páez e tantos outros, lançou sua carreira solo. Também foi a era das grandes bandas, SUMO, Virus, Los abuelos de La Nada, Viudas e Hijas de Roque Enroll, Los Twist e tantos outros.


Show de rock  no obelisco em maio de 2010
Já na atualidade, foi confirmada novamente a importância cultural do rock argentino num grande evento que apresentou alguns dos grandes artistas do rock nacional. Nesses dias, do 21 ao 25 de maio de 2010, se festejaram os 200 anos da existência da Argentina durante um festival que reuniu mais de um milhão de pessoas num grande cenário frente ao Obelisco de Buenos Aires. 


El Flaco Spinetta nos anos 2000
O 8 de fevereiro de 2012 faleceu Luis Alberto Spinetta, um dos artistas mais importantes do rock argentino. Ele nos deixou um legado importantíssimo no movimento que ajudou a criar e desenvolver.

Na atualidade, solistas como Charly García e Fito Páez continuam vigentes, sendo ainda os dois artistas mais importantes do gênero. Nesta segunda geração de solistas temos uma maioria formada por integrantes das grande bandas dos anos 1980 e 1990.

A alma do rock argentino continua viva.

Fonte: Wikipedia

Grande álbum de Fito Páez:
"Ciudad de Pobres Corazones" (1987)

Álbum de Charly Garcia:
"Parte de la Religión" (1987)

Álbum La Grasa de las Capitales
de Seru Giran (1979)

Primeiro album de Celeste Carballo:
"Me vuelvo Cada Día Más Loca" (1982)

Integrantes da banda para o álbum
"Piano Bar" de Charlie Garcia (1984)

Primeiro Álbum de Silvina Garré:
"La Mañana Siguiente" (1983)

A "Trova Rosarina"
(começos dos anos 1980)

Álbum de Charlie Garcia:
"Clics Modernos" (1983)

Luis Alberto Spinetta
na capa da Rolling Stone 168

Álbum punk e controverso de Celeste Carballo:
"Celeste y la Generación" (1985)

Primeiro álbum solo de Fito Páez:
"Del '63" (1983)

Integrantes da primeira formação de "Pescado Rabioso"
(anos 1970)

El Flaco Spinetta, será lembrado sempre como
o pai e o coração do rock argentino

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